Objeto de constante debate entre
estudiosos e religiosos, o sudário de Turim, ou “Santo Sudário” já foi
tema de muitos artigos científicos e livros. Diferentes teorias foram
criadas para se afirmar ou combater a veracidade da peça que teria
envolvido o corpo de Jesus após sua morte na cruz.
Medindo cerca de 4,5 metros de comprimento, o tecido de linho do
sudário passou a ser notícia desde que o estudioso Secondo Pia fez, em
1898, uma fotografia do pano. O negativo revelou uma imagem que quase
não pode ser vista a olho nu: um homem de 1,83 metros de altura com
feridas que seriam consistentes com as causadas pela crucificação.
Contudo, estudos por datação de radiocarbono realizados em 1988
apontaram que a idade do tecido seria da Idade Média, entre 1.260 e
1.390 d.C.
Esta semana foi publicada na revista “Meccanica”, uma nova pesquisa
do Instituto Politécnico de Turim, na Itália. A tese é que um poderoso
terremoto, de 8,2 na escala Richter, ocorrido em 33d.C pode ter causado
uma reação atômica que seria responsável pela imagem vista no sudário.
A possibilidade de comprovação de que o sudário de fato é do ano 33
causou grande debate entre os religiosos católicos. O Vaticano não tem
opinião oficial sobre o assunto.
O tremor ocorrido em Jerusalém teria sido forte o suficiente para
liberar partículas de nêutrons das britas. No intuito de provar sua
tese, os pesquisadores fizeram uma simulação do terremoto, esmagando
amostras de rochas frágeis. Essas emissões de nêutrons podem ter gerado
um efeito similar ao raio-X no pano de linho, por causa das reações com
núcleos de nitrogênio.
Segundo os cientistas do Instituto Politécnico, essa radiação pode
ter confundido os testes de carbono realizados em 1988, afetando a
leitura de datação.
“Acreditamos que é possível que as emissões de nêutrons geradas pelo
terremoto tenham induzido a imagem nas fibras de linho do sudário,
através da captura de nêutrons térmicos em núcleos de nitrogênio. Também
poderia ter causado uma alteração dos níveis de carbono”, explica
Alberto Carpinteri, um dos autores do estudo.
Não é a primeira vez que cientistas levantam a hipótese de que a
radiação de nêutrons possa ter sido responsável pela imagem, mas essa
seria a primeira explicação plausível para a radiação. No ano passado,
Giulio Fanti e uma equipe da Universidade de Pádua, na Itália, realizou
um teste que estabelecia a data do sudário entre 300 a.C a 400 d.C.
A nova pesquisa entusiasmou religiosos. Mark Antonacci, presidente da
Resurrection of the Shroud Foundation [Fundação Sudário da
Ressurreição] está pedindo ao papa Francisco que permita a análise
molecular do tecido usando uma tecnologia mais recente. Essa
investigação seria capaz de confirmar ou descartar as teorias da
radiação.
Já Gordon Cook, professor de geoquímica ambiental da Universidade de
Glasgow, na Escócia, não parece animado “As pessoas têm datado materiais
dessa idade há décadas e ninguém nunca encontrou esse resultado”,
afirmou ao site LiveScience.Gospel Prime
quinta-feira, 13 de fevereiro de 2014
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