domingo, 20 de abril de 2014

Legista faz reconstituição da crucificação em “CSI: Jesus de Nazaré”.

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Tem feito sucesso neste período de páscoa o relançamento do livro “CSI: Jesus de Nazaré. O crime mais injusto”, de autoria do médico legista espanhol José Cabreras. Ele usou seus conhecimentos modernos para descrever as lesões sofridas por Jesus desde que foi preso até sua morte na cruz. Lançado na Europa ano passado, ainda não tem data prevista para sair no Brasil.
Cabearas conta que fez sua análise usando a documentação da época, incluindo o Novo Testamento, além das imagens do Santo Sudário, que supostamente teria a impressão do corpo de um homem que foi crucificado. O legista explica que queria um título chamativo para seu livro, por isso optou pela menção à famosa série de TV americana.
Ele acredita que assim “o público se aproximará da descoberta da figura de Jesus” e poderá entender como foi sua morte, seguindo um enfoque triplo: legista, criminológico e judicial. A sigla CSI significa “Crime Scene Investigation” [Investigação da cena do crime]. No seriado, os personagens são legistas e policiais que fazem suas investigações a partir de evidências nos corpos das vítimas e os rastros deixados nos lugares do crime.
Para o autor, as imagens do Santo Sudário, tem valor, pois “ninguém jamais o desmentiu”. Ao fazer sua pesquisa, concluiu que há indícios históricos que desde o momento da prisão de Jesus até a morte na cruz transcorreram 24 horas. Após ser crucificado, ele sobreviveu duas horas, diferentemente de alguns crucificados que chegavam a permanecer vários dias.
Cabrear apresenta alguns fatos curiosos. Para ele, as marcas deixadas no couro cabeludo caracterizam não uma coroa, mas uma espécie de capacete denso de espinhos. As marcas do Sudário, explica, são de espinheiros facilmente achados na região.
O nariz de Cristo teria sido quebrado por um golpe. Seu ombro direito ficou esfolado por causa do esforço em carregar o patíbulo, a parte horizontal da cruz que chegava a 50 quilos.  As marcas de flagelação mostram que foi realizada ao estilo romano, com um flagelum, chicote cujas pontas terminavam em bolas de chumbo. Jesus teria recebido cerca de 300 impactos dessas bolas de chumbo, que teriam quebrado várias se suas costelas.

Seus dois joelhos ficaram esfolados até a rótula devido as quedas constantes enquanto carregava a trave horizontal da cruz. Os pregos penetraram seus pulsos, passando entre os ossos. Seus pés, colocados um sobre o outro, foi traspassado por um único prego que entrou pelas impigens, parte mais larga do pé.
Cabreras explica que normalmente os crucificados eram amarrados e os pregos, por serem muito caros, somente eram usados em “ocasiões especiais”.  O golpe de lança descrito nos Evangelhos atravessou o coração de baixo para cima. O motivo de ter brotado água junto com sangue deste ferimento é por que se forma um tipo de soro “ao redor do coração quando a agonia se prolonga durante horas”, explica Cabreras.
Em sua análise jurídica dos elementos, o escritor prova que  ocorreram “saltos” que violavam as duas leis vigentes na Palestina, a romana e a judia, com o claro propósito de prejudicar o réu.
“Pilatos, na  verdade, não tinha nenhum elemento objetivo para condenar Jesus, só o condenou por razões políticas”, concluiu.
Esse tipo de análise não é totalmente inédito. Foi feita pela primeira vez pelo médico francês Pierre Barbet, na década de 1950, apresentada ao Vaticano e posteriormente publicada no livro “A Paixão de Cristo segundo o Cirurgião”.  Entre os elementos que chamam atenção no livro de Cabrera são as novas evidências oferecidas pelos estudiosos do Santo Sudário, incluindo as pesquisas de Matteo Borrini, da Universidade inglesa John Moores. Eles tentam provar que a crucificação pode ter sido ainda mais cruel, pois os braços das vítimas eram pregados acima de sua cabeça, formando um “y”.

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