Tem feito sucesso neste período de páscoa o relançamento do livro
“CSI: Jesus de Nazaré. O crime mais injusto”, de autoria do médico
legista espanhol José Cabreras. Ele usou seus conhecimentos modernos
para descrever as lesões sofridas por Jesus desde que foi preso até sua
morte na cruz. Lançado na Europa ano passado, ainda não tem data
prevista para sair no Brasil.
Cabearas conta que fez sua análise usando a documentação da época,
incluindo o Novo Testamento, além das imagens do Santo Sudário, que
supostamente teria a impressão do corpo de um homem que foi crucificado.
O legista explica que queria um título chamativo para seu livro, por
isso optou pela menção à famosa série de TV americana.
Ele acredita que assim “o público se aproximará da descoberta da
figura de Jesus” e poderá entender como foi sua morte, seguindo um
enfoque triplo: legista, criminológico e judicial. A sigla CSI significa
“Crime Scene Investigation” [Investigação da cena do crime]. No
seriado, os personagens são legistas e policiais que fazem suas
investigações a partir de evidências nos corpos das vítimas e os rastros
deixados nos lugares do crime.
Para o autor, as imagens do Santo Sudário, tem valor, pois “ninguém
jamais o desmentiu”. Ao fazer sua pesquisa, concluiu que há indícios
históricos que desde o momento da prisão de Jesus até a morte na cruz
transcorreram 24 horas. Após ser crucificado, ele sobreviveu duas horas,
diferentemente de alguns crucificados que chegavam a permanecer vários
dias.
Cabrear apresenta alguns fatos curiosos. Para ele, as marcas deixadas
no couro cabeludo caracterizam não uma coroa, mas uma espécie de
capacete denso de espinhos. As marcas do Sudário, explica, são de
espinheiros facilmente achados na região.
O nariz de Cristo teria sido quebrado por um golpe. Seu ombro direito
ficou esfolado por causa do esforço em carregar o patíbulo, a parte
horizontal da cruz que chegava a 50 quilos. As marcas de flagelação
mostram que foi realizada ao estilo romano, com um flagelum, chicote
cujas pontas terminavam em bolas de chumbo. Jesus teria recebido cerca
de 300 impactos dessas bolas de chumbo, que teriam quebrado várias se
suas costelas.
Seus dois joelhos ficaram esfolados até a rótula devido as quedas
constantes enquanto carregava a trave horizontal da cruz. Os pregos
penetraram seus pulsos, passando entre os ossos. Seus pés, colocados um
sobre o outro, foi traspassado por um único prego que entrou pelas
impigens, parte mais larga do pé.
Cabreras explica que normalmente os crucificados eram amarrados e os
pregos, por serem muito caros, somente eram usados em “ocasiões
especiais”. O golpe de lança descrito nos Evangelhos atravessou o
coração de baixo para cima. O motivo de ter brotado água junto com
sangue deste ferimento é por que se forma um tipo de soro “ao redor do
coração quando a agonia se prolonga durante horas”, explica Cabreras.
Em sua análise jurídica dos elementos, o escritor prova que
ocorreram “saltos” que violavam as duas leis vigentes na Palestina, a
romana e a judia, com o claro propósito de prejudicar o réu.
“Pilatos, na verdade, não tinha nenhum elemento objetivo para condenar Jesus, só o condenou por razões políticas”, concluiu.
Esse tipo de análise não é totalmente inédito. Foi feita pela
primeira vez pelo médico francês Pierre Barbet, na década de 1950,
apresentada ao Vaticano e posteriormente publicada no livro “A Paixão de
Cristo segundo o Cirurgião”. Entre os elementos que chamam atenção no
livro de Cabrera são as novas evidências oferecidas pelos estudiosos do
Santo Sudário, incluindo as pesquisas de Matteo Borrini, da Universidade
inglesa John Moores. Eles tentam provar que a crucificação pode ter sido ainda mais cruel, pois os braços das vítimas eram pregados acima de sua cabeça, formando um “y”.
domingo, 20 de abril de 2014
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